“Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, acorda.” Jung
Num bar na periferia, num sábado a noite lá está o sujeito a jogar sua sinuca.
Outro dia estava com os amigos em um restaurante comendo e bebendo. Brincadeiras de todas as partes, mas sempre sabedores da hora do respeito. Um bom prato preparado pelo Chico, ou “Chicô” como gostamos de chamar o alegre “paraiba” dono do restaurante. Fotos para as redes sociais, sorrisos e lá se ia mais um dia…
Num bar da periferia lá está o sujeito a conversar e jogar sua sinuca.
Os quase dois anos de convivência serviram para estreitar os laços dele com alguns funcionários do local onde trabalhava. Conversas animadas, porém trabalho feito com dignidade e honestidade.
Ali na mesa do restaurante falava da sua sobrevivência de garoto negro da periferia. Os que foram e as lições que ficaram.
– Mais uma Chicô!!!!!
Tinha dias que as horas voavam nas asas das trocas de palavras entre dois, três, quatro o mais reunidos na mesa. Doutor, reclamava, nessas horas, de pedir informações, sem cobrar honorários. Tem hora que vão pedir via rede social… Pode ser… Mas a rota da conversa era mudada: um processo administrativo aqui, uma reclamação ali e mais risadas. A vida é breve…
Ali, às vezes reunidos, o cristão, o turfista, o homem calado, o midiático pagão e ele, o Sujeito Doutor.
_ Somos todos irmãos! Essa é a verdadeira amizade!
Ali, num bar da periferia, perto da sua casa, anoitecia e ele, o Sujeito, jogava sinuca.
Do restaurante, após uma discutida fórmula de pagamento de contas, cada um ia para seu lado. Quem ficava com a maior fatia, obviamente reclamava. E outro dia era esperado para mais uma rodada de conversas sobre trabalho, política, mulheres, futebol ou qualquer assunto pautado entre eles. Afinal, são todos doutores!!!! Mas antes:
– Mais uma “Chicô”!
Ali, num bar da periferia o tempo não estava bonito….
Algo não corria bem…
O tempo encurtava a trajetória, as letras, a academia, as lutas, os santos: tudo girava. Nada que possa desafiar o imponderável.
As lâminas lançadas por alguns homens ocos encarregaram-se da sutil arte de levar sujeitos. Não teremos mais o Sujeito Doutor para pedir mais uma ao “paraiba”. Ficou uma luz no caminho. Uma luz para iluminar os indivíduos sujeitos. Uma luz oferecida para clarear os caminhos e dissipar o caos e a treva espiritual.
Aos demais sujeitos restarão saudades…
Linda mensagem e muitas lembranças!
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Fiquei emocionada, descreveu bem um homem que o Doutor era, engraçado, atencioso, responsavel e admiravel, deixou muitos amigos e vai deixar muitas saudades….
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Sem dúvida, um Doutor vai deixar saudades. Viveu enquanto pôde.
Excelente crônica Giba.
Sou sua fã. 👏
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Obrigado, Lia!
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Um texto que ficará eternizado em nossas memórias.
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Celso, boa parte do texto devo a ti pelas conversas
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Belíssimo texto, meu amigo, mestre e poeta Gilberto. O mundo anda meio carente de boas letras. Obrigado por semear suas palavras.
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Grande Cuca! Um prazer tê-lo por essas vitrines….Não vejo a hora de tomar um café numa tarde de segunda em Socorro com um mestre da fotografia.
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