Filmes recentes de diversas partes do mundo abordando questões socioambientais voltam a ocupar as salas de cinema da capital paulista no mês de junho. A 5ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental traz mais de 100 títulos, com destaque para produções contemporâneas e inéditas no Brasil. São produções do Canadá, Alemanha, Turquia, EUA, China, França, Grécia, Itália, Israel, Índia, Reino Unido, Noruega, Bélgica, Luxemburgo, África do Sul, Quirguistão, dentre outros países.
Dentre os destaques está O Céu e a Geleira, novo longa-metragem de Luc Jacquet, diretor do sucesso A Marcha dos Pinguins. O filme foi atração de encerramento do Festival de Cannes em 2015 e aborda a atuação do glaciologista francês Claude Lorius, cuja pesquisa com o gelo da Antártica ajudou a provar que o aquecimento global vem sendo provocado pela ação humana. Já Isso Muda Tudo, uma coprodução Estados Unidos/Grã-Bretanha baseada no livro da jornalista, escritora e ativista canadense Naomi Klein, tem como produtor executivo o mexicano Alfonso Cuarón (de Gravidade). Filmado ao longo de quatro anos em nove países e cinco continentes ao longo de quatro anos, o filme é uma tentativa épica para re-imaginar a grande desafio das alterações climáticas e tem direção de Avi Lewis, marido de Klein.
Assinaturas de Louis Malle, Robert Bresson, Jean Epstein, Jean Painvelé, Jacques Tati, Jean Rouch, Yves-Jacques Cousteau estão presentes no Panorama Histórico deste ano, inteiramente dedicada a produções francesas. A Propos de Nice (1930), de Jean Vigo, O Salário do Medo (1953), de Henri-Georges Clouzot, e Rien Que Les Heures (1926), de Alberto Cavalcanti, são alguns dos clássicos programados.
Realizada pelo terceiro ano consecutivo, a Competição Latino-Americana traz 22 produções de 12 países da região. O homenageado do ano é o ambientalista brasileiro Paulo Nogueira Neto. Completam a programação o Circuito Universitário, a Mostra Escola e a competição Curta Ecofalante.
Os filmes são exibidos em seis salas do circuito de cinema de São Paulo: Caixa Belas Artes, Reserva Cultural, Cinemateca Brasileira, Centro Cultural São Paulo, Cine Olido e Matilha Cultural. A programação é gratuita e se completa com uma série de debates com a participação de especialistas, diretores e convidados.
A 5ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental promove sessões também na Biblioteca Mário de Andrade, em Centros Educacionais Unificados (CEUs) da Prefeitura de São Paulo, unidades das Fábricas de Cultura, faculdades, colégios e em Escolas Técnicas Estaduais (ETECs), levando a programação para um público novo, localizado em diferentes regiões da cidade de São Paulo.
“O público da Mostra vem crescendo em quantidade e diversidade. Já atingimos desde março mais de 14 mil pessoas. Somos a maior mostra de cinema ambiental do Brasil em público, e esse ano vamos exibir mais de 100 filmes. As sessões cobrem uma área de 550 km² em São Paulo e na Região Metropolitana, incluindo dezenas de locais, numa abrangência geográfica mais ampla que nos anos anteriores. Levar cinema de qualidade e promover a reflexão e o debate sobre questões socioambientais para todo esse público é a vocação da Mostra. E esse crescimento demonstra que estamos no caminho certo, que há uma demanda por essas questões”, define Chico Guariba, diretor da Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental.
Programas
Compõem a Mostra os seguintes programas: Mostra Contemporânea Internacional, Panorama Histórico, Competição Latino-Americana, Homenagem, Circuito Universitário, Mostra Escola e Curta Ecofalante.
A Mostra Contemporânea Internacional traz 39 filmes das mais diversas nacionalidades, sobre os temas cidades, consumo, economia, mudanças climáticas, recursos naturais e povos & lugares. São produções recentes, que raramente entram em circuito nas salas de cinema. Na programação estão O Mercado da Dúvida e Doce Mentira, filmes que evidenciam como os negacionistas do clima e a indústria do açúcar se apropriaram de estratégias usadas pela indústria do tabaco para gerar dúvida sobre a veracidade dos estudos científicos em suas respectivas áreas; O Verdadeiro Preço, que aborda a cadeia produtiva envolvida em torno do fast fashion, apontando os custos humanos e ambientais; Não Posso Te Dar Minha Floresta e Para Onde Foram as Andorinhas, sobre a situação dos povos originais afetados pelas questões ambientais; A Experiência Cecosesola, sobre um bem sucedido experimento de economia solidária na Venezuela; e Negócio Sujo, sobre relações comerciais entre Israel e Palestina, dentre muitos outros.
A Competição Latino-Americana registrou recorde de inscrições: foram recebidas 255 produções, entre longas e curtas, com representantes da Venezuela, Colômbia, Bolívia, Argentina, do Equador, México, Peru, Paraguai, Uruguai, Chile, Equador e Brasil. Os filmes percorrem múltiplos cenários da realidade latino-americana e tornam possível entender as consequências sociais provocadas pelas mudanças climáticas, quais são os danos socioambientais causados pelo uso desenfreado dos recursos naturais e como as populações nacionais estão reagindo e se organizando para lidar com essas transformações.
O homenageado Paulo Nogueira Neto, hoje com 93 anos, é considerado patrono do ambientalismo no Brasil. Também advogado, professor e pesquisador, Nogueira Neto dirigiu a Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA) de 1974 a 1986, órgão do governo federal ligado à época ao Ministério do Interior, responsável então pelo setor ambiental no Brasil. Foi membro da Comissão Brundtland de Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas, que criou o conceito de Desenvolvimento Sustentável.
Circuito Universitário, Mostra Escola e Curta Ecofalante
O Circuito Universitário e a Mostra Escola já acontecem desde o início de março em diversas faculdades, escolas e instituições de ensino, com objetivo de promover a reflexão e o debate a partir da experiência do cinema e chamar os estudantes para assistirem aos filmes nas salas de cinema. São sessões voltadas aos estudantes, seguidas de debates com professores e convidados. Participaram das sessões universidade, faculdades, escolas, colégios, Fábricas de Cultura e ETECs. Ao todo, cerca de 14 mil pessoas já assistiram a filmes da 5ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental e participaram de debates em diversas regiões da Região Metropolitana de São Paulo. Foram mais de 70 sessões em dezenas de lugares, cobrindo uma área de 550 km².
Uma novidade do evento em 2016 é o concurso Curta Ecofalante, voltado a estudantes universitários. Foram recebidos quase 40 trabalhos de diferentes faculdades, de diversos locais do país. Destes, foram selecionados cinco curtas-metragens que ganham exibição durante a Mostra. O melhor trabalho, escolhido pelos curadores da Ecofalante e também por votação do público, é premiado ao fim o evento. O objetivo deste programa é incentivar a produção universitária, que muitas vezes não tem espaço para ser exibida.
A 5ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental é uma realização da ONG Ecofalante e do Programa de Apoio à Cultura (ProAC) do Governo do Estado de São Paulo, com patrocínio da White Martins e apoio da Goodyear e da Reciclo Pepsico. A correalização é da Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo, Spcine – Empresa de Cinema e Audiovisual de São Paulo e Escola do Parlamento da Câmara Municipal de São Paulo.