Day: 29 de agosto de 2017

Fetiche

Gilberto da Silva

Da primeira vez que entrei naquela sala senti um arrepio e uma dor profunda. Não podia acreditar que aquilo que se passava por uma mesa, não fosse uma mesa. Aquele jovem, moderno, articulado, dotado de uma brilhante intelectualidade convidou-me para um café com torradas. Ainda atordoado, não aceitei o convite para tomar café naquele “móvel”. Sai espumando ódio daquele lugar, como se empunhasse uma bandeira de luta numa passeata. Não conseguia esquecer cena tão dantesca; ou melhor, cena de apenas “o inferno”. Jurei não voltar ao local, nunca mais, nem por um momento apenas.

Da segunda vez que entrei naquela sala pude, ainda sob efeito do estranhamento, perceber detalhes daquele corpo. A sua forma ainda me remetia aos tempos do meu conhecimento sobre aquela forma. Vacilei, quase sentei em uma cadeira (absorveria um café, ou um chocolate, sem ainda depositar a xícara em sua linha reta), mas desisti diante de uma inesperada reflexão sobre as formas de vida. Pense: vã filosofia… Sai do local com uma sensação que as relações humanas não estavam bem e que algo de pobre podia estar ocorrendo naquele reino. Sim apoderei-me das leituras de Shakespeare e tentei entendeu um pouco sobre as relações de poder.

Da terceira vez, passados anos de obscuridade, adentrei na velha sala do velho senhor que, de forma simpática e lisonjeira, me apresentou seus discípulos – todos bem vestidos e dóceis – e convidou-me à sentar numa cadeira. A mesa estava lá. Havia outras, todas elas prontas para o uso em outros locais da casa. Já era uma mesa em sua forma mesa, natural, trivial, coloquial. Uma mesa, arquitetonicamente parecida com um corpo humano, decorando a sala.

 

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Coletivo de Luta pela Água se reúne para traçar ações contra venda da Sabesp

O Coletivo de Luta pela Água, formado por 89 entidades ambientais, sindicais e da sociedade civil, vai se reunir hoje (29/8), a partir das 18h, para discutir o projeto de lei encaminhado pelo governador Geraldo Alckmin à Assembleia Legislativa (Alesp) que trata da chamada “reestruturação” da Sabesp, que nada mais é do que uma privatização disfarçada, já que esse PL entrega a Sabesp a uma holding.

O projeto chegou à Alesp em 1º de agosto em regime de urgência e segue a toque de caixa. A expectativa é de que a peça vá a plenário ainda hoje para o início do processo de votação, sem sequer ter cumprido o rito de tramitação de 50 dias, como ocorre nesse tipo de designação.
O Coletivo ainda discutirá a formação de um comitê do Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA) em São Paulo. O FAMA tem como objetivo fundamental tratar do tema da água na perspectiva do direito, e não da privatização, por meio de uma ampla gama de debates que permita focar essa questão nas suas mais variadas interfaces. Ele se contrapõe ao fórum das corporações, autodenominado 8º Fórum Mundial da Água – este promovido por organizações privadas, em especial às grandes corporações multinacionais, que têm como meta impulsionar a mercantilização da água.
Segue em abaixo texto sobre o FAMA.
A reunião do Coletivo acontecerá hoje (29/8), às 18h, na sede da FNU – rua Machado de Assis, 150, Vila Mariana, São Paulo.

 

 

Lutar contra a apropriação do mercado

sobre a água: um dos objetivos do FAMA

O FAMA – Fórum Alternativo Mundial da Água – é um espaço democrático que reúne, mundialmente, organizações e movimentos sociais que lutam em defesa da água como direito elementar à vida.

 

Em março de 2018, o FAMA realizará, em Brasília, um grande evento com cerca de 5 mil pessoas, em contraposição ao “Fórum das Corporações”, autodenominado “8º Fórum Mundial da Água”. Este, promovido por grandes grupos econômicos que também estarão reunidos na capital federal nessa data, defende a privatização das fontes naturais e dos serviços públicos de água.

O FAMA tem como objetivo fundamental tratar do tema da água na perspectiva do direito, e não da privatização, por meio de uma ampla gama de debates que permita focar essa questão nas suas mais variadas interfaces.
Desmistificando o ‘Fórum das Corporações’

O Fórum e o Conselho Mundial da Água são vinculados a organizações privadas, em especial às grandes corporações multinacionais, que têm como meta impulsionar a mercantilização da água; intensificar práticas de transposição de bacias hidrográficas, privilegiando o atendimento das demandas por água a qualquer preço em detrimento da sua gestão; construir barragens para os mais variados fins, afetando de forma significativa populações ribeirinhas sem considerar impactos sociais e culturais; apropriar-se dos aquíferos subterrâneos; entre outros.
Muitas dessas corporações já controlam a prestação de serviços de água e esgoto e a extração intensiva de água para engarrafamento, produção de bebidas etc. Seus interesses são de apropriação das reservas de água para gerar lucros extraordinários.

Denunciar essas práticas que impõem fortes impactos financeiros e restrições de acesso à população de todo o mundo, afetando, sobretudo, os mais pobres, está entre os principais objetivos do Fórum Alternativo, além de debater temas centrais de defesa pública e  controle social das fontes de  água, o acesso democrático a esse recurso natural, a luta contra as privatizações dos  mananciais e as políticas  públicas necessárias para  o controle social do uso  da água  e  preservação ambiental.

O FAMA foi lançado oficialmente no 5 de junho, dia mundial do Meio Ambiente, em São Paulo-SP, e, desde então, uma comissão organizadora vem trabalhando para agregar cidadãos, entidades e movimentos sociais e dar visibilidade aos seus objetivos.

 

Alguns comitês locais já foram formados, como os de Brasília e Pará. Entre agosto e setembro devem ser lançados os comitês da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

 

O lançamento do comitê de São Paulo já tem data marcada: 21 de setembro, durante a realização da Assembleia Estadual Popular da Água, onde se pretende elaborar o Mapa de Conflitos da Água no Estado.

 

Membro da coordenação do FAMA, Edson Aparecido da Silva afirma que os comitês locais são de grande importância: “Não queremos que o FAMA faça simplesmente uma análise da conjuntura em que vivemos. Queremos que o nosso Fórum aponte perspectivas e compromissos a serem discutidos com a sociedade e governos no próximo período”, explicou Edson.

 

Os organizadores do FAMA esperam que esses comitês, mesmo despois do Fórum, permaneçam com o debate da defesa dos direitos humanos, das reservas estratégicas do país, da soberania nacional e, principalmente, da garantia da água como direito.

 

Para conhecer o Manifesto de Chamamento ao FAMA 2018, acesso o site www.fama2018.org (http://www.fama2018.org/portal/fama-2018/fama-2018/).
Site: fama2018.org
Facebook: @fama2018

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