Gilberto da Silva

Educação e transformação social

Na próxima terça-feira (30/05), às 20h, pesquisadores do NECC se reúnem na Vitrine do Giba para discutir e debater a questão da EDUCAÇÃO no Brasil.
Entre os temas a serem abordados estão a educação e as desigualdades sociais; a situação atual da educação; disputas hegemônicas e o avanço da extrema direita; educação e emancipação humana e a educação como mercadoria, assim como as propostas para a Educação do governo Lula.

O evento será transmitido ao vivo no Canal de Youtube da Vitrine: https://youtube.com/live/GUl5Mz5ENSA

Conheça os participantes
Mei Hua Soares é doutora e mestre em Educação pela Faculdade de Educação da USP, bacharel e licenciada em Letras pela FFLCH-USP. Lecionou em escola pública e no ensino superior privado. Desenvolve pesquisas na área de ensino, literatura, teatro e comunicação.

Rodrigo de Carvalho é Doutor em Ciências Políticas pela PUC-SP e autor de “O Governo Lula e a mídia impressa – a construção de um pensamento hegemônico”.

Rodrigo Ratier: Jornalista e professor de jornalismo da USP. Colunista do UOL.

Cláudio Novaes Pinto Coelho é Doutor em Sociologia pela USP e Mestre em Antropologia pela Unicamp. Possui Pós-Doutorado em Ciências Sociais pela PUC-SP. Publicou, dentre outros, os livros “Os movimentos libertários em questão” e “Teoria crítica e sociedade do espetáculo”

O programa será conduzido por

  • Gilberto da Silva: Jornalista e sociólogo, Mestre em Comunicação pela Faculdade Cásper Líbero. Editor da revista Partes e do Canal Vitrine do Giba.
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Diário (quase) do Giba – 01

Querido Diário,

Hoje foi um dia de trabalho e, ao mesmo tempo, reflexão. Estou cá entrando numa nova fase. Não sei como sairei desta fase. Mas a lenta transformação se faz necessária. São tempos bicudos. São tempos teimosos. São tempos devastadores.

Bom, neste primeiro dia, nem sei o que escrever. Hoje ao trilhar pelas webs vi que uma referência em minha vida, um professor do secundário, que eu não tinha notícias havia um bom tempo, está fazendo RPG, Pilates e Fisioterapia. Precisamos. Preciso.

A sexta chegou num furacão. O mês está quase no término. Dezembro e seus natais aproximam-se. Tempos dificeis.

Novos medicamentos vão entrando em meu cardápio. Novas posturas?

Depois de um longo tempo eu resolvi tirar uma carta do tarô de Marselha. Sim! E a carta tirada veio na assertiva de minhas meditações. O Eremita, a carta do dia, representa o beato ou monge que não tem as certezas e é uma carta muito ligada ao meu signo, Virgem, e remete a tempos de isolamento, reflexões e busca de amadurecimento, Olhando para a lamparina, o Eremita procura o interior. Procuraremos…

Na terminologia junguiana, o Eremita (Fig. 42) representa o Velho Sábio arquetípico. Como Lao-tzu, cujo nome significa “velho”, o frade aqui retratado personifica uma sabedoria que não se encontra em livros. O seu dom é tão elementar e perene quanto o fogo da sua lâmpada. Homem de poucas palavras, vive no silêncio da solidão – o silêncio de antes da criação – somente a partir do qual uma nova palavra pode tomar forma. Não nos traz sermões; oferece-se a nós. Com sua simples presença ilumina pavorosos recessos da alma humana e aquece corações vazios de esperança e significação.

Assim lembrei de uma techo de uma livro que tragao comigo:

De acordo com Jung, uma figura assim personifica “o arquétipo do espírito… o significado preexistente escondido no caos da vida”. [C.G. Jung, The Archetypes and the Conective Inconscious, C. W. Vol. 9, Parte 1, § 74]. À diferença do Papa, esse mongezinho não está entronizado como porta-voz e árbitro de leis gerais; à diferença da Justiça, não segura nenhuma balança com a qual possa pesar os imponderáveis. Parece uma figura muito humana, que pisa o chão comum e carrega apenas sua lampadazinha para alumiar o caminho.

Como o Louco, é um andante; e o seu capuz de monge, protótipo do barrete do Louco, liga os dois como irmãos de espírito. Mas o passo do velho viajante é mais comedido que o do jovem Louco, e ele não olha por cima do ombro. Aparentemente, já não precisa pensar no que fica para trás; assimilou as experiências do passado. Nem lhe é mister esquadrinhar horizontes distantes, procurando potencialidades futuras. Parece contente com o presente imediato. Seus olhos estão bem abertos para recebê-lo – seja lá o que for. Apreendê-lo-á e lidará com ele de acordo com a sua própria iluminação. In Nichols, Salie. JUNG e o TARôT – uma jornada arquetípica – Cultrix: São Paulo, 1997.

Já sonhei demais, já pensei erradamente muitas vezes. A sabedoria não está no outro, está dentro da gente (acho…)

Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, acorda.

Jung

As pessoas por trás da máquina de ferro

Por Gilberto da Silva

Gilberto da Silva é jornalista, professor (sem aulas…) e sociólogo da Prefeitura do Município de São Paulo. Graduado em Jornalismo pela FIAM e Ciências Políticas pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Mestre em Comunicação pela Faculdade Cásper Líbero. É editor do site Revista Partes

Na minha memória afetiva de criança está sempre presente o apito, ao longe, do trem. Imaginações infantis, viagens, sonhos e por consequência imaginava-me aquele senhor trabalhando para levar a locomotiva para rincões nunca conhecido.

As primeiras viagens marcadas pelo ferro, pelo aço das bitolas. Cambará – Ourinhos – São Paulo: trajetos muitas vezes demorados, oito, dez até doze horas de viagens. A primeira vez que desci na estação Julio Prestes, em São Paulo, pelas mãos do meu avô materno, inesquecível: aquele amontoado de gente nunca visto pelos olhos juvenis.

As trocas de máquinas, as mudanças nos trilhos e os sonhos de ser um maquinista. A vida e a lida nos levam para caminhos nunca dantes sonhados. Este foi só mais um sonho, sonhado acordado.

O que nunca esqueci é que ali, dentro daquela máquina, que na Grande São Paulo transportou diariamente meus sonhos, minhas dores, minhas angústias, meus amores, minhas desilusões, meus defeitos e minhas qualidades estava um ser denominado ferroviário e ao seu lado outros seres responsáveis para que tudo desse certo, mesmo nas horas em que irritados pelas demoras e atrasos, invariavelmente enlouquecíamos.

Eles e elas estão nos trilhos diariamente levando, trazendo pessoas e mercadorias para alimentar nosso corpo e nossa alma. Meus profundos agradecimentos a esses trabalhadores.

Contrarresiliente, uma resenha

Por Gilberto da Silva

O livro é de poesias, mas bem poderia ser um livro de crônicas. Ou será uma crônica-poesia? Mas poderia ser também um livro reportagem, um retrato escrito poeticamente na desgraça que é ser nas ruas onde não ser igual já é um enorme diferencial. O Zeh Gustavo, nosso contrarresiliente fala (ou melhor escreve, descreve e reescreve) o que o engasgado está por nós.
Vá devagar, o livro tem seu público e tem seu selo antifascista, portanto, não espere que nele impere cápsulas antipedagógicas oprimidas. Aqui a escrita é trans! Transbolzonarizado, transacomodado, transeunte.
O Zeh que já em outras lavras traçou linhas incômodas, em contrarresiliente vai direto ao golpe! Pronto para combater o ar contaminado de imbecilidade ou da boçalidade bosta que impera nos guetos nobres da sociedade pós-boçal com seus hiper chiliques.
A poesia aqui é contracorrente e deveras atinge quem deveras ler. Ler aqui é um ato de contravenção, contradição, contradito, não espere palavras mornas, textos leves como beijos suaves ou músicas para dormir.
Portanto, na contra mão necessária, eu super indico a leitura de contrarresiliente de Zeh Gustavo, editado pela Editora Viés.

título: CONTRARRESILIENTE
isbn: 9786580885046
idioma: Português
encadernação: Brochura
formato: 14 x 21 x 0,8
páginas: 136
ano de edição: 2019
edição:

Veja o comentário no Canal do Youtube:

https://youtu.be/fVxk1lYSbA0