Mário Travaglini, técnico da Democracia Corinthiana

mariotravagliniNo dia 20 de fevereiro de 2014, Mário Travaglini, um dos mais bem sucedidos e talentosos técnicos do futebol brasileiro, morreu, vitima de um tumor cerebral, aos 81 anos, após passar um mês e meio internado no Hospital São Camilo.

Nascido em 30 de abril de 1932, no Bom Retiro, foi no gramado do CAY que o jovem Travaglini iniciou sua carreira. No clube, ele chegou em 1947 por intermédio de Francisco Minelli – que era olheiro do Ypiranga e, na ocasião, trouxe ainda seu filho Rubens Minelli (que, coincidentemente, também veio a obter sucesso como treinador). Com 16 anos começou a jogar pelo time infantil. Então, os dois jogadores foram lancados no time infantil do ‘Vovô da Colina’, através dos Diretores de Futebol, Carlos Paeta, Ferraioli e Natal Saliba. Logo, a dupla se projetou para o time principal, com uma particularidade: Travaglini era centroavante, mas por insistência do já citado Paeta se tornou um defensor.

O bairro de Bom Retiro era classificado por ele próprio como ‘um verdadeiro celeiro de craques’, Mário lembrava que quando colocou aquela famosa camisa listrada do Ypiranga, sua boca secou de tanta emoção. Naquele instante ele olhou para frente e percebeu que seu futuro estava se iniciando.

O garoto se tornou campeão. Venceu no Infantil, no juvenil e como Amador. Em setembro de 1953, estreou como zagueiro central, no Estádio do Pacaembu, em uma partida contra o Corinthians. Começava a surgir um atleta diferenciado no cenário esportivo nacional…

Travaglini ficou no CAY até 1955, quando foi negociado com o Palmeiras. Naquela época, os jogadores não tinham porcentagem nas negociações, porém, o então Presidente Ypiranguista, Mario Telles, deu-lhe uma gratificação em dinheiro pelos serviços prestados ao clube.

No alviverde, o atleta fez dupla de zaga com Valdemar Carabina (outra grande revelação nossa) e pode aprender muito com Filpo Nunes (que viria a comandar a chamada Academia Palmeirense). Em seguida integrou o elenco do Nacional, onde esteve até e 1962 encerrou sua carreira, apesar de ter tido uma rápida passagem pela Portuguesa e pela Ponte Preta. Em 1963, Travaglini iniciou sua carreira de técnico nas equipes de base do Palmeiras. Foi treinador de muitos clubes como Vasco da Gama, Fluminense, Corinthians, São Paulo, Vitória, Botafogo de Ribeirão Preto, Ferroviária de Araraquara, dentre outros.

Como jogador, a maior recordação foi ter enfrentado Pelé. “Eu costumo dizer que não o marcava, mas sim contemplava seu futebol. Era um cara tão fantástico que o que ele fazia com a bola é impossível descrever”.

Trabalhou ainda como coordenador técnico da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1970, além de ter disputado o Pan-Americano de 1979 e conquistado a medalha de ouro com equipe Sub-20.

Foi campeão brasileiro pelo Vasco (em 1974) e se tornou muito famoso ao dirigir o Corinthians, vencedor do Paulista de 1982 (um time que tinha Sócrates, Vladimir e Casagrande). Travaglini chegou no Corinthians em 1981 e pegou o início do movimento que ficou conhecido como Democracia Corintiana.

Em paralelo, formado em Economia pela PUC de São Paulo, Mario chegou a ser Presidente do Sindicato dos Treinadores Profissionais do Estado de São Paulo, o qual foi um dos fundadores juntamente com o Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo. Além disso, também participava de um programa às segundas-feiras na Rádio Trianon.

Em 2008, Travaglini veio ao clube lançar seu livro ‘Da Academia it Democracia’ e, em diversos momentos se referia ao clube com muita honra. “Aqui foi minha primeira escola no futebol, a base que eu tive para o0 desenvolvimento do aprendizado que alavancou toda a minha carreira. Para mim, o vovô da Colina tem o significado simbólico de urna família. “Sinto-me em casa sempre que volto. O CAY é o alicerce de tudo o que eu fui”, dizia.

 

Texto com base em informações de Roberto Nappi

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