
Nélida Piñon (3 de maio de 1937). Romancista, contista, ensaísta. Quinta ocupante da cadeira 30, eleita em 27 de julho de 1989, na sucessão de Aurélio Buarque de Holanda. Em 1996–1997, tornou-se a primeira mulher, em 100 anos, a presidir a Academia Brasileira de Letras, no ano do seu primeiro centenário.
Nélida Piñon nasceu no Rio de Janeiro, descendente de Galegos, desde criança escolheu o oficio de escritor. Ainda muito menina escrevia pequenas histórias e as vendia ao pai e familiares. Formou-se no curso de Jornalismo, da Faculdade de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Com vasta bibliografia suas obras foram traduzidas em mais de 30 países, e contemplam romances, contos, ensaios, discursos, crônicas e memórias.
“Muitas vezes confessei que sou brasileira recente. Minha família, no Brasil, é mais jovem que as palmeiras imperiais do Jardim Botânico. Carrego comigo a sensação de haver, eu mesma, desembarcado na Praça Mauá, no início do século, no lugar dos meus avós, em busca da aventura brasileira, a única saga que ainda hoje estremece meu coração.
Temo, muitas vezes, haver chegado ao Brasil com irreparável atraso, não podendo, por isso, contar com uma memória familiar que me permita ir, com a frequência desejada, ao nódulo da nossa História e conhecer seus recônditos segredos, bater à porta do nosso advento e recolher os fios de ouro da narrativa brasileira, ali embaralhados para sempre.
Ninguém do meu sangue me legou a certeza de haver abalado os fundamentos constitutivos da formação do Brasil. Ou me cobrou, por meio dessa referida memória, o irrenunciável dever de traçar o País para que seu passado não se esvaísse em vão. Ou me imprimiu a marca da legitimidade, de modo que meus sonhos fossem hoje o eco dos devaneios de outros brasileiros vencidos pela desilusão.” Trecho do Discurso de Posse na Academia Brasileira de Letras






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