“Quando nós fundamos o PT, dia 10 de fevereiro de 1980, qual foi o recado que o Mário deu? O Mário levou um panfletinho Infelizmente, nós não havíamos ainda regulamentado o direito de tendência, mas já estava na carta de princípio, já estava na declaração política de 13 de outubro, já estava no manifesto do dia da fundação, que o PT era democrático internamente e tinha direito de tendência e até de fração. O Mário confiou que o PT não tinha que ter uma ideologia oficial. Por isso, nós dizíamos que o importante é ser. Agora, para ser, você tem que entender esse elemento fundamental: a classe trabalhadora é o agente coletivo revolucionário, ela tem que ser respeitada. A democracia interna da classe trabalhadora não pode ser agredida por medidas de força. O PT não tem que ter ideologia oficial, não tem texto sagrado. Nós vamos errar e aprender junto com a classe trabalhadora. A classe trabalhadora é a classe mais jovem desse país. Ela tem direito de errar e de corrigir os seus próprios erros, seguir adiante e avançar. A tal ponto que a direção vai deixando de ser a grande condutora e vai passando a ser uma intérprete daquela base. Nem o termo base vai caber mais. Vai ser misturado, direção e base como sendo uma coisa só. E esse é o caminho natural da transição socialista.” Paulo Skromov
“O Mário Pedrosa endereçou ao Lula. Entregou através do companheiro Plínio Mello. Sabe quem é Plínio Mello? O representante operário… Na Constituinte de 1934, ele representava os trabalhadores, que era uma representação classista, aquela Constituinte que o Getúlio convocou, em 1934, que aprovou o direito de voto para as mulheres. Claro que elas não votaram, mas aquela Constituinte é que criou o direito de voto para a mulher. Plínio Mello, ele ainda era vivo em 1978, O Mário Pedrosa pediu a ele, ele morava em São Paulo, Plínio, leva essa carta para o Lula. No dia que o Mário escreveu, nós estávamos no Rio de Janeiro, no pavilhão de São Cristóvão, uma quadra de esporte grande, e realizando o terceiro congresso dos trabalhadores na indústria. Terceiro congresso nacional dos trabalhadores na indústria. O presidente do da confederação que convocou o Congresso, chamava-se ali Campista. Ele dizia-se o pelego número um do Brasil. Ele se autointitulava assim. Estava lá eu, pelos coros, o Lula, pelos metalúrgicos de São Bernardo. Foi quando a gente estreitou nossa relação. Toda noite a gente se reunia ali no sindicato dos urbanitários, da Força e luz, do Rio de Janeiro, perto do Maracanã, para conspirar a plenária do dia seguinte, mas também para divulgar que o sindicato que nos abrigava era totalmente controlado pelo MR-8, pelo QCDI. Toda vez que a gente abria a boca para falar do PT, eles tentavam cortar a gente. Mas eram grandes companheiros, nos ajudaram também mesmo sem querer. Paulo, eu coloquei essa foto aí porque eu queria perguntar o que vocês estavam tão putos, eu vou usar essa expressão aqui, desculpe, tão putos nesse dia lá no Rio de Janeiro? Isso foi dia 30 de setembro. Nós tínhamos acabado de lançar o PT oficialmente lá num cinema em Madureira, na capital.”






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