Cousteau foi um dos grandes heróis do nosso tempo


Por Gilberto da Silva

Houve um tempo em que os oceanos invadiam nossas salas de estar. Bastava a voz grave e serena de Jacques-Yves Cousteau surgir na televisão para que o mundo se calasse e mergulhasse com ele nas profundezas do oceano ou da natureza. A nova geração talvez nunca tenha ouvido falar desse francês de boné vermelho, mas nós — que crescemos com sal nos olhos e fascínio no peito — sabíamos que ele não era apenas um explorador. Cousteau era um poeta das profundezas e um inventor incansável que na década de 1960 começou a ser famoso através dos seus documentários que eram exibidos nas emissoras de televisão.

Ele não navegava mares, navegava mistérios. Transformou um velho caça-minas britânico no Calypso, um laboratório flutuante que mais parecia o Nautilus de Júlio Verne de Vinte Mil Léguas Submarinas. E como o Capitão Nemo, Cousteau também era movido por uma obsessão: desvendar os segredos do azul.

Mas sua história não começou com glória. Em 1937, uma noite de neblina quase o levou. Num acidente automobilístico, quebrou os dois braços, afundou o tórax, recusou a amputação e, com o corpo em ruínas, encontrou no mar sua cura. Nadando para recuperar os movimentos, descobriu que o oceano não era apenas água — era vocação.

Inventou o Aqualung com Émile Gagnan, um pulmão artificial que deu ao homem o poder de respirar onde antes só se sonhava. O aqualung permitia ao mergulhador atingir 62 metros de profundidade, com autonomia para algumas horas. E com isso, abriu as portas de um mundo silencioso, onde baleias cantam e corais dançam.

Cousteau sobrevoou a África, mergulhou na Antártida, navegou pela Amazônia. Mas seu maior feito não foi explorar — foi ensinar a amar. Alertou sobre a poluição, sobre a pesca predatória, sobre a fragilidade dos mares. Plantou em nós a semente da consciência ecológica, muito antes de sabermos o que era ser sustentável.

Hoje, quando olho para o mar, não vejo apenas água. Vejo histórias, vejo ciência, vejo poesia. Vejo Cousteau.

Segundo Cousteau, o mar pode morrer, e talvez, no fundo de algum oceano, ainda ecoe sua voz, dizendo que proteger o planeta é mais do que dever — é paixão. Salvem nossos mares!


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