
Expulsaram as nuvens com a queimada das florestas
Queimaram o mel e as cinzas são os pássaros sem asas
Pelas auroras que agora não tem as flores
Tudo devastado pelo olhar nefasto do Deus homem
O inventário eu peço, como quem pede ao bem amado
Cama de malva, travesseiro de lua, olhos de alvorada
Peço em joelhos, humilde nocauteado desses tysons
Peço o inventário das plantas e das auroras
Peço a exumação do corpo azul do tempo
Peço a reinvenção dos fitocromos devassados
Pelos tratores da inquisição dos jardins e campos
Peço pelo espanto de Gagarin e a dor das baleias
Peço pelos seres que sereias não são
E pela invenção dos seres que são humanas teias
Entre o mito e a dor da nossa condição.
“Uma canção de amor às árvores desesperadas” (poemas) – 1996 – José Carlos Capinan







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