Imagens

resizedimage600325-society-spectacle-lrgPara Debord, a produção de imagens – a valorização da dimensão visual da comunicação como instrumento de exercício do poder e de dominação – existe em toda situação onde há classes sociais, isto é, onde a desigualdade social está presente graças à divisão social do trabalho. Debord afirma que a realidade torna-se imagem, e as imagens tornam-se realidade.

As imagens que se destacaram de cada aspecto da vida fundem-se num fluxo comum, no qual a unidade dessa mesma vida já não pode ser restabelecida. A realidade considerada parcialmente apresenta-se em sua própria unidade geral como um pseudomundo à parte, objeto de mera contemplação. A especialização das imagens do mundo se realiza no mundo da imagem autonomizada, no qual o mentiroso mentiu para si mesmo. O espetáculo em geral, como inversão concreta da vida, é o movimento autônomo do não-vivo. (Debord, 1997, p.13)

 

No entanto Debord sustenta que a imagem não obedece a uma lógica própria. A imagem é uma abstração do real, e o seu predomínio, isto é, o espetáculo, significa um “tornar-se abstrato” do mundo. Uma abstração generalizada que é uma consequência da sociedade capitalista, da qual o espetáculo é a forma mais desenvolvida: “quando o mundo real se transforma em simples imagens tornam-se seres reais e motivações eficientes de um comportamento hipnótico” afirma Debord (1997, p.18).

No espetáculo a economia, de meio que era, transformou-se em fim, a que os homens submetem-se totalmente, e a alienação social alcançou o seu ápice: o espetáculo é uma verdadeira religião terrena e material, em que o homem se crê governado por algo que, na realidade, ele próprio criou. Na contemporaneidade, o mundo prefere a imagem ao objeto, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser. A realidade social é fragmentada de tal forma que na sociedade do espetáculo ela “já não aparece como coisa, mas como imagem, que oscila entre um conjunto autônomo e separado das ações humanas e uma multiplicidade de ações fragmentadas” (Coelho, 2006, p.17).

Não importa o que é real, mas sim a imagem que foi criada do objeto. Como afirma Debord: “a realidade surge no espetáculo, e o espetáculo é real” (1997, p.15). A lógica da mercadoria é a determinação última do espetáculo. Preso na armadilha da mercantilização resta a impossibilidade da crítica à sociedade do espetáculo. Atados à ideologia neoliberal cessam-se as perspectivas de transformação da sociedade, não restando outra alternativa a não ser fora dessa sociedade pois, no espetáculo “tudo que era vivido diretamente tornou-se uma representação.” (Debord,1997, p.13)

A alienação do espectador em favor do objeto contemplado (o que resulta de sua própria atividade inconsciente) se expressa assim: quanto mais ele contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos compreende sua própria existência e seu próprio desejo. (Debord, 1997, p.24)

 

Assim para Debord, a Sociedade do Espetáculo é o estágio avançado do capitalismo no qual tudo virou representação. As imagens na Sociedade do Espetáculo seriam, então, a concretização da alienação.

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