Lula, palavras e imagens de outrem

 

Por Fidel Castro

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Lula, então presidente com Fidel
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Na tarde da quarta-feira (30/01/2014), o ex-presidente Lula esteve com o ex-presidente cubano Fidel Castro.

Para Fidel Castro, líder da revolução Cubana, Lula “nunca foi um extremista de esquerda, nem ascendeu à condição de revolucionário a partir de posições filosóficas, mas sim as de um operário de origem humilde e fé cristã, que trabalhou duramente criando mais valia para outros” (RUZ, 2008)

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Quem conviveu com ele e rompeu com o partido destaca sua liderança e personalidade:

O Lula é uma liderança, a figura e a experiência sindical acho que reforçaram esse traço autoritário dele. O Lula tem uma necessidade muito grande de aprovação, de ser ouvido, de ter identidade. Por isso muda muito o discurso de um público pra outro. Isso é um sinal de insegurança, de falta de convicção daquilo que ele propõe pra sociedade. (Erundina, 2007)

Mais tarde, em 2008, em entrevista para o Le Monde Diplomatique Brasil, Erundina ao avaliar afirmativamente que as forças que impulsionaram o processo de redemocratização, os seguimentos mais progressistas da sociedade civil que ajudaram a eleger Lula, exauriram toda sua energia:

Quem teve e tem o poder real nesses dois governos de Lula? Os mesmos de antes. As forças populares que, direta ou indiretamente, construíram o PT e elegeram Lula não foram capazes de impulsionar sua gestão, nem foram chamadas para atuar como protagonistas nas decisões estratégicas. (Erundina, 2008:8)

Maria da Conceição Tavares

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A economista Maria da Conceição Tavares afirma que Lula é o homem mais inteligente que conheceu
E não apenas politicamente. É uma inteligência nata. É um gênio do povo. Nós tivemos um gênio do povo. Se não, não teria chegado lá. Você acha que alguém vindo de onde ele veio, com as dificuldades que teve, chega a presidente? Não. Ele é um gênio do povo, mesmo, e impressiona qualquer um.
Para Maria da Conceição Tavares o Lula é o intelectual orgânico:

“Os intelectuais como eu são clássicos. E ele é orgânico. Interpreta e representa organicamente o povo brasileiro”. Estudar? “ele fez muitas universidades, o pessoal diz que ele não fez universidade, não fez o cacete (risos)! Ele ficou anos ouvindo o pessoal. No final, sabia mais que nós todos juntos. Exceto filosofia, que ele não era muito dado a isso (risos)

Algumas afirmações sobre o governo Lula levam a entender que o ex-operário optou pelo neoliberalismo, que a política implementada no governo petista não tocou na herança neoliberal de FHC, tais como a abertura comercial, a desregulamentação financeira e do mercado do trabalho, a redução dos direitos sociais, o ajuste fiscal, a privatização e a desindexação dos salários.

Armando Boito Jr

Os membros da equipe governamental não tocaram na herança neoliberal de FHC: a abertura do comercio, a desregulação financeira, a privatização, o ajuste fiscal e o pagamento da dívida, a redução dos direitos sociais, a desregulação do mercado do trabalho e da desindexação dos salários. (BOITO JR. 2003:9)

Para Boito Jr.

“Não é exato afirmar, genericamente, que o governo Lula é uma continuidade pura e simples do governo FHC. O que ocorre é que o governo Lula amplia e dá nova dimensão ao que foi iniciado no segundo mandato de FHC”.

Para Boito Jr. a novidade é que o governo Lula cria uma ilusão de poder no mundo operário, do novo sindicalismo e em segundo lugar pode aprofundar “devido à origem popular” o novo populismo regressivo e um terceiro a ascensão de Lula elimina a antiga resistência parlamentar ao neoliberalismo.

Marcos Nobre

Em Imobilismo em Movimento, Marcos Nobre nos apresenta sua visão do período lulista, na qual a construção da categoria pemedebismo é apresentada como uma “cultura política de baixo teor democrático” explicativa da estruturação do sistema político na transição democrática. Para Nobre o lulismo é definido como a ocupação à esquerda do peemedebismo. O conceito chave do teórico é o peemedebismo, não o lulismo.

O peemedebismo é a incapacidade da sociedade brasileira se democratizar plenamente, através de um embate de projetos distintos à luz do dia. É a democracia do veto e do conchavo.  Para o Nobre, o lulismo representa o momento em que a oposição passa a ser uma vertente do governismo .

Lula é emblema da representação política para estratos sociais historicamente marginalizados da representação também porque, em boa medida, conseguiu traduzir nos termos do pemedebismo avanços sociais aguardados havia muito tempo. Soube garantir, por palavras e atos, que a parcela historicamente marginalizadas tinha passado a fazer parte do condomínio pemedebista, tinha ganhado direito a veto. Pouco a pouco, com a consolidação das instituições democráticas e de alianças sociais concretas, esse veto pôde se expressar também sob a forma do voto> favorecendo candidaturas que impeçam o bloqueio ou o recuo no projeto de diminuição da pobreza e das desigualdades (Nobre, 2013:19)

O autor define o pemedebismo como governismo, a tendência a aderir a qualquer governo e mais do que um parceiro do poder o pemedebismo está preocupado com o sistema de vetos e com a formação de supermaiorias legislativas.O autor é impreciso ao usar termos como nacional-desenvolvimentismo e social-desenvolvimentismo.

 

Luciana Genro

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“Não é uma questão de acreditar em luta de classes, mas a questão é que ela existe. Eu sonho com um estado socialista no sentido de que nós possamos acabar com essa lógica da economia e o estado servindo a uma minoria. O PT tinha grupos de esquerda dentro do partido, mas o Lula, por exemplo, se revelou nunca ser de esquerda, apenas de oposição. O PT nunca foi um partido socialista e nisso se difere do PSOL”, continua a candidata. in: <http://www.estadao.com.br/aovivo/entrevista-candidata-luciana-genro>

Para o linguista francês Patrick Charaudeau, “Lula tem carisma, e carisma não se constrói, vem da pessoa” veja trecho de uma entrevista concedida a um portal barsileiro:

Qual é a relação do marketing com a política?  
É preciso considerar que, na ação política atual, com milhões de pessoas muito diferentes, é útil ter gente especializada em estudar, analisar os movimentos sociais, com ferramentas de pesquisa, para auxiliar os políticos. E os governantes não têm apenas um conselheiro [como o conselheiro de comunicação], mas vários, e deve fazer a síntese de tudo aquilo que foi levantado para decidir como agir. Posso dizer que, qualquer que seja o conselheiro, e por mais esperto que seja, todos dependem da personalidade do político. No caso brasileiro, isso é muito emblemático. Lula tem carisma, e carisma não se constrói, vem da pessoa. Depois, pode-se refinar, acrescentar, mas o que se chama de carisma, essa força do indivíduo, de sua personalidade, isso é próprio de uma pessoa. Lula tem, Dilma não tem. Isso não quer dizer que esta última não possa governar, mas é verdade que ter carisma tem uma vantagem, que pode ser usada para o bem ou para o mal: quem tem carisma leva o povo consigo mais facilmente. A questão é: levar para onde? in: <http://sites.uai.com.br/app/noticia/encontrobh/revista/2014/06/24/noticia_revista,149126/lula-tinha-carisma-dilma-nao-tem.shtml>

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