Gilberto da Silva
Setembro chega com o sabor de um café amargo. O inverno ainda teima em crepúsculo a doer os ossos e esfriar as consciências. Logo, as flores dos jardins estarão mostrando suas belezas. Mas ainda restam as incertezas.
Os filhos do Brasil estarão com suas relações ainda estremecidas. As rosas ainda teimam em pensar que são rosas os cravos vermelhos, os lírios nos campos querem de todo jeito que as dálias florescem como eles. E nós? Como nós pensamos neles e com eles? Não: pensamos apenas como nós e o que eles seriam se fossem nós.
Setembro é para lembrar Neruda: “Podem cortar todas as flores, mas não podem deter a primavera” morto pela angústia de suportar uma ditadura e por ver a democracia morta.
Época em que a democracia sai para almoçar e não volta.
Setembro negro. Setembro vermelho: siga seu coração. Setembro colorido com suas flores desabrochando.
Sigamos pelas frentes abertas, pelos campos em flor.