A propósito de Marx

 

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Veja discurso do ex-senador Lauro Campos (PT-DF)

 

(…)

A verdadeira cidadania, nós não a conhecemos. A cidadania

está  do  outro lado  e o capitalismo, monótono, repetitivo, não

tem mais do que quatro ou cinco instrumentos, que usa  ao  longo

de  toda a  sua história, desde a  crise  de 1810 até esta, para

administrar as  suas  contradições, para tentar superar a crise.

Os  mecanismos são muito poucos. O capitalismo, esse gigante, tem

pouca  imaginação; ele  também cria os seus limites de ação e de

avanço.

 

O  que  vemos, agora, é  a  tentativa  desesperada  de se

solucionar o problema de  um capitalismo  que atingiu esse nível

de globalização, esse nível de acumulação de capital.

 

O problema do capital, diz Marx, é o próprio capital. Ao se

acumular  e  se concentrar demais, ele destrói as suas condições

de  reprodução, entra  em  crise, crise  de  sobreacumulação. Se

deixa  crescer alguns setores  mais  do que outros, ele entra em

crise de  desproporção; e se produz demais e  reduz a  renda e o

salário  de  grande  parte  da sociedade – uma produção em massa

sem  massa  de  consumidores -, há uma crise de subconsumo e ele

não resolveu crise alguma. Ele veio carregando os seus problemas

e  as  suas  contradições, e  essas  crises  de  subconsumo,  de desproporção, de sobreacumulação aparecem, ressurgem, renascem em

todo o colapso do sistema.

 

Nada  foi  resolvido. Como  dizia  Delfim Netto, há pouco

tempo, quando resolvemos  um problema, criamos  três. E  não  me

consta que Delfim Netto seja marxista.

 

Pois  bem, o tempo não  me  permite quase nada. Eu queria

apenas prestar, com  estas  palavras improvisadas, uma homenagem

àquele  que, felizmente, eu ainda  vivi  o  suficiente para  ver

reconhecido,  nessa  pesquisa  isenta  da  BBC  de  Londres, via

Internet, escolhido, coroado como o cérebro do milênio.

 

O filósofo Moses, na Alemanha, escreveu uma carta para um

seu  amigo  dizendo: “Finalmente, você  vai  ter oportunidade de

conhecer  Marx. Marx não é apenas Heráclito; ele  é  Heráclito e

Hegel  superados; Marx  não  é  apenas Sócrates; Marx é Sócrates

superado”. E  assim  por  diante. Marx  tinha  24 anos de idade.

Parece-me que ninguém, neste milênio e nessa idade, recebeu esses elogios. E era como se ele não tivesse acreditado nesses elogios.

Ele não dormiu  sobre os louros, preferiu dormir sobre os livros

que lia, deitado no chão de sua casa ou na biblioteca de Londres.

(…)

 

Trecho do discurso do Sen.Lauro Campos – PT – DF – Out/1999.

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