Estou quase convicto, para não dizer totalmente com a certeza, que 99,01 porcento das pessoas que empunharam uma faixa pedindo “Basta de Paulo Freire” não leu sequer uma frase do pensador educador, pedagogista e filósofo brasileiro. Talvez, uma linha…
Assim disse em uma rede social o criador da faixa ““Criticar o Paulinho? Ah, isso não! Paulo Freire é uma figura sacrossanta! Haja saco… Pedagogia do Oprimido = coitadismo e doutrinação marxista fulera (sic); não recomendo nem para o meu cachorro.” O Paulinho já dizia: “Os opressores, falsamente generosos, tem necessidade para que a sua “generosidade” continue tendo oportunidade de realizar-se, da permanência da injustiça.”
Então leiamos, um trecho da entrevista que o “sacrossanto freire” deu para o Moacir Gadotti na revista Nova Escola editada pela “comunista” editora Abril:
Gadotti– O que há de novo no novo livro e o que permanece de Pedagogia do Oprimido?
Freire – Permanece um monte de coisas. Além da crença, da esperança, permanece o respeito e a convicção da importância do papel da subjetividade. Quando os marxistas – e também os não-marxistas – de natureza de pensar puramente mecanicista me criticavam nos anos 70, me acusavam de ser idealista, kantiano, na melhor das hipóteses de neo-hegeliano, por causa de minhas propostas de conscientização que entravam em choque com aquelas idéias de que a superestrutura condiciona a consciência. Hoje estamos vendo emergir a crítica segura e séria a esse mecanismo de origem marxista, que não foi competente para explicar o próprio papel de sua luta contra o projeto capitalista – luta na qual anulou a presença do indivíduo, o gosto do indivíduo, o medo do indivíduo, o prazer do indivíduo.
Não entendeu, eu desenho… Até mesmo os marxista criticavam o marxista Paulo. Mas nem todos, sempre há exceções.
De fato, para alguns é necessário combater o homem que escreveu no livro Pedagogia da Esperança – Um Reencontro cem a Pedagogia do Oprimido (Paz e Terra) que tinha esperança de que é possível acabar com a opressão, com a miséria, com a intolerância e transformar o mundo num lugar mais gostoso e mais justo para se viver. “A esperança faz parte de mim como o ar que respiro”. Definia o pensador. Que coisa mais marxista!!!
Assim falou a “comunista” e primeira-dama, Ruth Cardoso, representando o presidente Fernando Henrique Cardoso quando da cerimônia de enterro do pedagogo em 3 de maio de 1997:”Ele mudou a perspectiva da educação brasileira”.
Os americanos “todos comunistas” e a mais comunistas das universidades – Harvard – onde deu aulas o considerava um herói por dedicar-se à alfabetização dos pobres e excluídos..
O medo de algumas pessoas está aqui: Paulo Freire entendia a escola como, “um lugar de luta e de esperança; um lugar não só para estudar, mas para encontrar, conversar, experimentar o confronto com o diferente, discutir e fazer política”.
Mas como Paulo Freire não é santo. Ele pode ser criticado, mas não imbecilizado pelos boçais. O que fazem não é crítica, é deturpação.
Primeiro foi Marx, depois Darwin, agora Paulo Freire. Se segura, Jean Piaget, o próximo será você.






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