Por Gilberto da Silva
Ele era um homem bom. Tão bom que largou tudo para viver com aquela mulher que o deixou encantado. Uma diva. Uma musa. Uma bela mulher.
Aos poucos abandonou os amigos. Vendeu seus pertences e despiu-se das velhas roupas que o incomodavam.
Largou o trabalho que realizava meticulosamente todos os dias para sentar praça na casa dela. A Musa. A Diva. A linda mulher. A sua realização plena.
Foi como trocar Marx por Mises. Uma mudança radical. Uma reviravolta total. Sua intenção beirava o puritanismo. Uma ação tão radical que eu fico imaginando até onde vai a submissão humana.
Largou o paletó para vestir uma casaca de couro. Em busca da harmonia perdida descaracterizou sua personalidade. Seu ego abrochou.
Queria conciliar o inconciliável ao deixar seus velhos livros de filosofia aos interesses abaixo do mercado em um sebo. Ainda bem que o dono do sebo é um grande amigo seu…
Caminhou para viver o sonho de uma alma bela. Estéril e lascívia? Tudo pela Diva, pela musa, pela linda mulher!
Agora na sua rota só digita cartas de amor dirigidas a sua bela mulher. Cartas esdrúxulas? Cartas lindas? Lindas são todas as cartas de amor disse um poeta. E meu amigo em frenesi coloca-se diante de uma caneta e um papel a escrever coisas ridículas mas cheia de amor.
Nos primeiros dias sentiu-se puro e belo e sua alma exalava alegria e contentamento. Não cabia em si. Aos poucos trocou o cafezinho com amigos para beber chá das cinco com aquela mulher.
Seus amigos diziam: o divórcio é iminente!
Não tenho mais visto o rapaz, dado que sou agora um ex-amigo. Mas sei que ela, a esposa, está no controle. Até quando?
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